sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

1946-1956 Feminilidade e conformismo




Período pós Segunda Guerra Mundial, a Europa estava devastada politicamente, com uma infra-estrutura destruída e economicamente abalada. Foi chamada “era da austeridade”, pouco dinheiro e bens, e o racionamento continuava a retardar o desenvolvimento da indústria de moda. Os EUA, que saíram quase intactos da guerra, distribuíram ajuda financeira (Plano Marshall) para os países mais afetados.
A moda refletiu o gradual crescimento da prosperidade. Paris aos poucos, se recuperando da ocupação alemã, foi se restabelecendo como o mais alto ponto de moda no mundo. Foi nesse período que grandes marcas, hoje mundialmente conhecidas, criaram raízes pra construir seu império. Grandes estilistas como Christian Dior, Cristóbal Balenciaga e Pierre Balmain.
Os estilistas compreendiam a necessidade psicológica de mudança e estavam começando a se afastar do perfil quadrado da guerra. Dior foi um dos pioneiros a explorar esse conceito. O estilo romântico foi resgatado, as roupas eram feitas para realçar a feminilidade de mulheres que por muito tempo, devido à escassez e racionamento de tecido, usavam roupas que não definiam nem uma única forma de seus corpos, roupas que somente seguiam o seu princípio mais primitivo, esconder a nudez e proteger do tempo. O seu “New Look” mostrava o anseio dessas mulheres de se sentirem bem vestidas, elegantes e bonitas novamente. A nova proposta, obviamente, não foi aceita por todos de imediato. Foi vista por muitos como um desperdício desnecessário de tecido, numa época que ainda se preocupava com a falta de matéria-prima.
Mesmo com alguma relutância de uma parte da sociedade o “novo” foi bem aceito pela elite que já podia começar a se dar ao luxo de adquirir tais peças. Um ano depois os modelos já chegavam ao mercado de massa, e as boas cópias de Paris eram a segunda melhor coisa na costura. A tradição de fazer vestidos em casa era altamente disseminada através de revistas de moda que voltaram a disponibilizar moldes em suas edições.
Apesar dessa corrente da moda começar a se estabelecer como dominante, grupos de jovens que se aproximavam por uma ideologia em comum, desenvolviam estilos próprios, com atitudes rebeldes e que visavam ir contra a moda vigente. A juventude insatisfeita rejeitava a aparência limpa e o conformismo da geração de seus pais e cultivavam uma aparência desleixada. Um dos grupos marcantes da época foram os “motoqueiros durões”, com as jaquetas de couro, ou os que tinham um visual rock’n roll com penteados cheio de brilhantina e um grande topete, exemplificado por Elvis Presley. Por mais que esses grupos minoritários desafiassem a corrente principal da moda, nunca passaram de uma vertente marginalizada.
Duas grandes mudanças do período pós-guerra, a retomada da produção de roupas de baixo, com a utilização da fibra sintética, o nylon. Foi um ramo da indústria têxtil que também não tinha nenhum glamour durante a escassez e racionamento, assim como a indústria de cosméticos, que voltou a produzir uma variedade imensa de maquiagens e produtos de beleza.
Foi um período de mudanças intensas para a sociedade que queria acima de tudo voltar a viver normalmente e esquecer o período obscuro e doloroso que sofreram durante a guerra. Homens, mulheres, jovens buscavam uma maneira de voltar à sua rotina e aos poucos irem recomeçando suas vidas, a moda foi um dos caminhos importantes nesse sentido por trazer uma nova “identidade visual”, uma mudança completa no vestuário que essas pessoas foram obrigadas a aceitar e que era carregado de terríveis lembranças, mas que agora faziam questão de esquecer.

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